Os investigadores que participam das buscas pelos destroços do Airbus A330, que caiu no Atlântico em 2009 enquanto fazia o voo AF447 entre o Rio de Janeiro e Paris, afirmaram nesta segunda-feira que "vários
corpos" foram localizados no fundo do mar, junto à carcaça do avião. Entretanto, os representantes do Escritório de Investigações e Análises (BEA), responsável pela operação, se negaram a dar informações sobre o número de vítimas encontradas ou o estado em que os corpos se encontram. "Não daremos nenhuma informação sobre os corpos neste momento, porque primeiros precisamos informar as famílias das vítimas", disse diretor do BEA, Jean-Paul Troadec. Os investigadores deram uma coletiva de imprensa nesta tarde (horário da França) em Paris para anunciar os detalhes de uma busca realizada durante o final de semana e que resultou na localização de diversas partes do avião. Por enquanto, nenhum equipamento foi retirado do mar, mas os submarinos que participam da operação tiraram mais de 13 mil fotos do local onde se encontram os restos da aeronave. As imagens, em preto e branco, permitiram de identificar dois motores pouco danificados e dois trens de pouso. Os investigadores não informaram a localização precisa de onde estão os destroços para preservar a área, afirmando apenas que está ao norte da última posição conhecida do avião antes do acidente, pouco depois de se afastar da costa brasileira, em 31 de março de 2009.
As imagens de satélite, no entanto, indicam que a distância entre a última posição conhecida e os destroços no fundo do oceano é bastante curta. "Todos os elementos indicavam que deveríamos concentrar a zona de buscas a noroeste, em função de estudos de correntes marítimas, entre outros elementos das investigações", justificou-se Troadec. O BEA delimitou uma nova zona de buscas, de 600 m por 200 m de área. "Nunca estivemos trabalhando com uma região tão restrita. Temos uma forte esperança de que será possível localizar as caixas-pretas", disse o diretor das investigações, Alain Bouilllard.
As caixas-pretas são a prioridade desta nova fase de buscas, mas os responsáveis pelas investigações deixaram claro que é possível que o conteúdo gravado no equipamento não possa ser recuperado. "Nunca passamos por uma experiência como essa, em que tanto tempo tenha se passado entre o acidente e a localização das caixas-pretas", ponderou Troadec. "Em muitos acidentes, as caixas-pretas se estouram no momento do choque", ressaltou Troadec.
Os demais elementos encontrados apenas serão levados à superfície se puderem contribuir à elucidação das causas do acidente, ocorrido três horas após a decolagem no Rio de Janeiro. Todos os corpos serão levados à França, onde serão identificados.
De acordo com Troadec, o BEA está avaliando qual é o melhor tipo de navio para ser enviado ao lugar onde estão os destroços para poder transportá-los à França. Ele estima que a embarcação deverá chegar ao local em até quatro semanas. Até lá, os submarinos vão continuar as buscas pelos registros de bordo e, por terra, as investigações vão analisar as imagens já recolhidas.
Por enquanto, os franceses estimam que "não houve surpresas" em relação ao que a apuração havia indicado até agora. "Não houve explosão, não houve despressurização da cabine. Tudo leva a crer que o avião caiu como imaginamos, 'de barriga' e ligeiramente inclinado para baixo na traseira", explicou o diretor das investigações. Ele afirmou ao Terra que as autoridades brasileiras estão contribuindo com informações e que há um oficial brasileiro no navio em alto mar que centraliza as operações.
Esta fase de buscas, totalmente financiada pelas companhias Air France e Airbus, foi iniciada havia duas semanas e concentrava-se em uma área de 75 km de diâmetro, totalizando 11 mil km². Três submarinos Remus 6000, o mesmo modelo que já havia sido utilizado na fase anterior, no ano passado, participam as pesquisas marítimas, a 3,9 mil km de profundidade. Dois deles pertencem à fundação Waitt, e o terceiro, ao Instituto Oceanográfico Geomar, da Alemanha.
Fonte: terra.com.br
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