sexta-feira, 8 de abril de 2011

Falta de água pode afetar 55% das cidades brasileiras até 2015



Atlas Brasil, que foi divulgado no Dia Mundial da Água, analisou 5.565 munícipios e afirma que mais da metade deles podem sofrer com a escassez do recurso, atingindo 71% da população urbana brasileira.

Crescemos escutando na escola que o Brasil é o país do futuro justamente por não nos faltar recursos naturais. Temos em abundância até o mais precioso deles: a água. Nosso país é abençoado por 12% de toda a água doce que existe no planeta.

Acontece que anos de mau uso somados à incompetência dos governos para construir a infraestrutura necessária para garantir o acesso da população a um abastecimento de qualidade e à rede de saneamento básico fizeram com que o Brasil agora tenha que desembolsar grandes quantias de maneira ágil para evitar a falta de água.

Segundo o Atlas Brasil, elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e que estará disponível a partir das 18h desta terça-feira (22), Dia Mundial da Água, serão precisos R$ 70 bilhões até 2025 em obras de água e esgoto para evitar o desabastecimento nos próximos anos.

Já em 2015, 55% das cidades brasileiras poderão ter seu acesso à água comprometido, dessas, 84% necessitam de investimentos para adequação de seus sistemas produtores e 16% precisam de novos mananciais. São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre e o Distrito Federal estão incluídas nessa percentagem.

A análise foi feita em 5.565 cidades, que juntas somam mais de 70% do consumo de água brasileiro. O que mais precisa de investimentos é o sistema de coleta e tratamento de esgoto, R$ 48 bilhões. Entre as regiões, o Nordeste é a mais carente, sendo necessários R$ 9,1 bilhões para melhorar a situação.

Para a elaboração do Atlas foram 1700 visitas de campo e mais de cem reuniões de 1200 técnicos. O estudo é realizado desde 2005, com a participação da União, Estados, municípios, empresas e organizações da sociedade civil.

“O intenso trabalho que resultou no Atlas Brasil ajuda o país a identificar os gargalos e carências de várias regiões, os conflitos vivenciados nos grandes centros urbanos pelas mesmas fontes mananciais e a avaliar suas infraestruturas para atender adequadamente ao abastecimento público.

Cada um dos 5.565 municípios brasileiros, um a um, foi avaliado. Dessa forma, é uma ferramenta indispensável para a tomada de decisões e para a racionalização de investimentos em todo o País.”, disse a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira.

Ainda em 2008, a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que 44% dos domicílios nacionais não possuíam acesso à de rede esgoto.

Para tentar minimizar esse quadro, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Senado realiza nesta terça-feira (22) uma audiência pública com a presença de ministros e de representantes de organizações não governamentais.

UN WWD 2011

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) estima que a escassez de água afeta 1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo, enquanto outros 500 milhões já começam a sofrer pela falta de água.

Marcando o Dia Mundial da Água, a ONU está realizando nesta semana uma conferência na Cidade do Cabo, na África do Sul, chamada UN World Water Day 2011, que está sendo focada principalmente nos problemas de abastecimento e saneamento urbano.

Mais de mil representantes de quase 50 organizações estão discutindo questões como distribuição e privatização dos recursos hídricos.

Um dos pontos mais interessantes até aqui da conferência foi o debate sobre novos modelos de gestão da água. “Temos que parar de pensar que as pessoas são apenas consumidoras e vê-las mais como alguém que tem a custódia da água. Assim, gerenciaríamos o fluxo e não apenas o estoque”, explicou Anthony Turton, diretor da TouchStone Resources, uma empresa sul-africana de administração de recursos naturais.

A escassez dos recursos hídricos é uma preocupação global e afeta diversos setores, por isso as soluções devem ser pensadas multidisciplinarmente e sem fronteiras. “Abastecimento e saneamento são importantes, mas a falta de água implica na segurança energética, alimentação, desenvolvimento econômico etc. Precisamos de uma visão integrada para achar soluções que lidem com todos esses fatores”, resumiu Julia Bucknall, do Banco Mundial.

A ONU afirma que quem mais sofre com a falta de água é justamente a população pobre, que acaba tendo que pagar mais pelo recurso. Hoje, um habitante nas favelas de Nairóbi se quiser comprar água limpa paga até sete vezes mais caro que um cidadão norte-americano.

Não restam dúvidas de que a boa gestão dos recursos hídricos é uma das prioridades mundiais nas próximas décadas. O Brasil tem a chance de melhorar a sua situação utilizando sabiamente os investimentos para a Copa do Mundo e Olimpíadas e finalmente gerenciar adequadamente suas reservas.

Vale ainda ressaltar que medidas simples adotadas por cada um de nós podem sim fazer grandes diferenças. Reutilização e moderação são palavras chave que ajudariam a evitar que nossas cidades tenham racionamento no futuro. 

Fonte: Instituto carbono brasil

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