terça-feira, 5 de abril de 2011

Oficinas montam esquema de propina e fraudam inspeção veicular em SP.




Os programas de inspeção veicular foram criados para medir a emissão de gases poluentes do motor dos veículos e, assim, melhorar a qualidade do ar nas cidades e diminuir a poluição.  Mas muitos motoristas, ao invés de gastar consertando o carro, preferem pagar para corromper quem deveria estar fiscalizando.
São Paulo, que tem a maior frota do país, com sete milhões de veículos, é a quinta cidade do mundo com o ar mais poluído. Carros, ônibus e caminhões são principais vilões da péssima qualidade do ar na cidade. No ano passado, três milhões de veículos passaram pela vistoria. De cada dez carros, apenas um é reprovado.

A reportagem da Record verificou como funciona o pagamento de propina para aprovar carros na inspeção. Para isso, a equipe usou um Fusca de 34 anos, que já havia sido reprovado duas vezes na inspeção veicular.

Em uma oficina da zona sul de São Paulo, suspeita de participar do esquema, o jornalista conversa com o mecânico, que garante que ao aprovar o orçamento, o veículo será levado à Controlar e já sai de lá com selo de aprovado.
Controlar é a empresa responsável pela inspeção veicular em São Paulo. Todo o carro com placa da capital tem que passar pelo teste, sob pena de multa e bloqueio no licenciamento do veículo. O programa foi implantado há três anos para melhorar a qualidade do ar.
Na oficina, o mecânico dá o preço.
- De 380 a 450 [reais]. Se não passar você não paga nada, não vai gastar um centavo.
E depois promete a aprovação.
- Dei o valor pra você, você vai vir buscar o carro com selo aprovado. Você vai gastar aquele valor que a gente combinou.
Em outra oficina, o mecânico diz que para regular o carro o preço é R$ 150. Mas se o motorista quiser, ele pode garantir a aprovação, com um acréscimo no valor. 
- Bom, se você quiser que a gente regule, a gente cobra R$ 150. Agora, se você quiser deixar ele pra gente passar garantido é R$ 300.
A reportagem paga o valor para entender como funciona a fraude. Na empresa Controlar, o funcionário da oficina mecânica chega com o fusca e conversa com o fiscal. Em cinco minutos de fiscalização, o carro, que já tinha sido reprovado, recebe o selo de aprovado.
Em uma empresa que trabalha dentro da lei, o fusca foi testado pelo mecânico Cláudio Santa Rosa. Ele explica que o carro tem gotas de óleo, o que seria suficiente para uma reprovação. Além disso, os funcionários encontram ruído fora do padrão vindo do escapamento. A emissão de poluentes também está acima do limite permitido.
Outro lado
A empresa Controlar informou que vai apurar os fatos e vai esclarecer as informações. Por se tratar de denúncia de crime, a empresa informou ainda que vai acionar a polícia para punir os envolvidos e culpar os responsáveis. Um inquérito foi aberto para apurar outras irregularidades da inspeção veicular.

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